E classifica o governo Lula de "cesarismo"
O jornal paulistano Folha de S. Paulo é sabidamente um diário serrista, ou melhor, era serrista. Hoje, em editorial, o jornal da família Frias "derruba os braços", como se diz, com o tucano José Serra. Derruba os braços, desanima, desacorçoa, murcha, perde o ânimo. A Folha está dizendo à Serra: - Te larguei, magrão! E o faz em tom lamentoso e quase cético em relação a uma possível modificação deste quadro de apatia tucana, pelo menos até outubro próximo.
Do governador paulista, a Folha constata o seguinte: "Se grandes reservas de astúcia e de cautela são necessárias a um bom político, é também verdade que não há liderança concebível numa atitude de permanente aversão ao risco e à clareza de compromissos".
E acaba sobrando também para o presidente Lula: "Serra ou não Serra, Aécio ou não Aécio, os nomes perdem em importância; o que ressalta, acima de tudo, é o modo com que a vida política no Brasil parece distante dos padrões de uma democracia moderna. De um lado, surge uma candidata inventada pelo cesarismo presidencial [grifo DG]; de outro, ambições pessoais se desfazem em picuinhas e sussurros, sem nada de significativo a apresentar para a população".
As uvas estão verdes. Como o cenário eleitoral de 2010 se tolda cada vez mais para a direita - do qual a Folha é vanguarda - o parecer sobre o universo é pessimista: "a vida política no Brasil parece distante dos padrões de uma democracia moderna". O que é mesmo paradigma de "democracia moderna"? A gestão tucana de São Paulo? De Minas Gerais? Do Rio Grande do Sul? Ou seria "moderna" a gestão do meio-tucano-meio-Dem José Roberto Arruda no Distrito Federal?
Igual absurdo é chamar o governo Lula de "cesarismo". Cesarismo é sinônimo de despotismo, autocratismo e autoritarismo. Nem o mais empedernido reacionário da direita brasileira ou o mais isolado dos esquerdistas chamaria o presidente Lula de autocrático. Ele tem muitas falhas, a ideia fixa na conciliação como método político, joga com pau de dois bicos no subproletariado e no capital financeiro e seus aliados de classe, mas ninguém que não seja portador de má consciência pode classificar Lula de praticante de cesarismo.
A rigor, o que a Folha está querendo dizer, mas não tem coragem de pronunciar (e admitir de público) com todas as letras é o seguinte:
- Perderemos mais uma vez, tigrada!
Nenhum comentário:
Postar um comentário